Devo
confessá-lo sinceramente: a vista de qualquer animal regozija-me e
satisfaz-me o coração; principalmente os cães, e todos os animais em
liberdade, pássaros, insetos, etc. Pelo contrário, a presença dos homens
excita quase sempre em mim uma pronunciada aversão; porque, com poucas
exceções, oferecem-me o espetáculo das deformidades mais horríveis e
variadas: fealdade física, expressão moral de paixões baixas e ambições
desprezíveis, sintomas de loucura e de perversidades de todas as
espécies e grandezas; enfim uma corrupção sórdida, fruto e resultado de
costumes degradantes; desvio-me, portanto, deles e busco abrigo na
natureza, feliz por encontrar aí os animais.
(Arthur Schopenhauer, in "As Dores do Mundo")
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