28 de dezembro de 2014


Eu cantarei os humildes
os de língua travada
e olhos cegos
aqueles a quem o amor
feriu sem derrubar.
Cantarei o gesto
dos que pedem e não alcançam
a resignação dos santos
o sorriso velado e inútil
dos homens conformados.

Eu cantarei os humildes
o homem sem amigos
o amante sem esperança
de retorno.

Cantarei o grito
de escuta universal
e de mistério nunca desvendado.
Serei o caminho
a boca aberta
os braços em cruz
a forma.

Para mim
virão os homens desconhecidos.

 

Hilda Hilst.

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