CONHEÇO A RESISTÊNCIA DA DOR - Cecília Meireles
Conheço a resistência da dor.
É num lugar afastado,
sem vizinhos, sem conversa, quase sem lagrimas,
com umas imensas vigílias, diante do céu.
É num lugar afastado,
sem vizinhos, sem conversa, quase sem lagrimas,
com umas imensas vigílias, diante do céu.
A dor não tem nome,
não se chama, não atende.
Ela mesma é solidão:
nada mostra, nada pede, não precisa.
Vem quando quer.
O rosto da dor está voltado sobre um espelho,
mas não é rosto de corpo,
nem o seu espelho é do mundo.
Conheço pessoalmente a dor.
A sua residência, longe,
em caminhos inesperados.
Às vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas arvores.
E ouço dizer:
“Quem visse, como vês, a dor, já não sofria.”
E olho para ela, imensamente.
Conheço há muito tempo a dor.
Conheço-a de perto.
Pessoalmente.
Cecília Meireles - In: Poesia Completa - Dispersos (1918-1964)
não se chama, não atende.
Ela mesma é solidão:
nada mostra, nada pede, não precisa.
Vem quando quer.
O rosto da dor está voltado sobre um espelho,
mas não é rosto de corpo,
nem o seu espelho é do mundo.
Conheço pessoalmente a dor.
A sua residência, longe,
em caminhos inesperados.
Às vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas arvores.
E ouço dizer:
“Quem visse, como vês, a dor, já não sofria.”
E olho para ela, imensamente.
Conheço há muito tempo a dor.
Conheço-a de perto.
Pessoalmente.
Cecília Meireles - In: Poesia Completa - Dispersos (1918-1964)
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