11 de outubro de 2013



Chove sobre a areia,
sobre o teto
o tema da chuva,
os largos eles da chuva lenta,
caem sobre as páginas
de meu amor sempiterno,
o sal de cada dia,
regressa chuva a teu ninho anterior,
volta com tuas agulhas ao passado,
hoje quero o espaço branco,
o tempo de papel para um ramo
de roseira verde e de rosas douradas,
algo da infinita primavera
que hoje esperava,
quando voltou a chuva
a tocar tristemente
a janela,
depois a dançar
com fúria desmedida
sobre meu coração e sobre o teto,
reclamando,
seu lugar,
pedindo-me um cálice
para enchê-lo uma vez mais de agulhas,
de tempo transparente,
de lágrimas.
 
       Chove
     Pablo Neruda
 
                                                                                         
           


                              
 


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