Não
percebi a chegada do outono. Mas eu sentia que estava embarcando numa
nova estação: todas as árvores que (não) plantei, de repente, estavam
nuas. E eu caminhava num tapete de folhas e flores. Os caminhos também
se estreitaram e tive uma sucessão de
perdas, ou melhor, tive uma sucessão de trocas. E assim, como toda
pessoa que tem um coração pulsando, fiquei assustada demais com as
mudanças. Mas agora já consigo perceber beleza na nudez de cada uma das
minhas árvores prediletas. Elas apenas estão trocando de roupa enquanto
eu troco de pele, tamanha cumplicidade.
Marla de Queiroz
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