30 de maio de 2013

Perdi-me muitas vezes pelo mar, o ouvido cheio de flores recém cortadas, a língua cheia de amor e de agonia. Muitas vezes perdi-me pelo mar, como me perco no coração de alguns meninos.
Não há noite em que, ao dar um beijo, não sinta o sorriso das pessoas sem rosto, nem há ninguém que, ao tocar um recém-nascido, se esqueça das imóveis caveiras de cavalo.
Porque as rosas buscam na frente uma dura paisagem de osso e as mãos do homem não têm mais sentido senão imitar as raízes sob a terra.
Como me perco no coração de alguns meninos, perdi-me muitas vezes pelo mar. Ignorante da água, vou buscando uma morte de luz que me consuma.

 

Gazel da Fuga

Garcia Lorca

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