"(...) A poesia nos torna mais sábios, retirando-nos do torvelinho
agitado com que a confusão da vida nos perturba. Drummond, escrevendo
sobre a Cecília Meireles, disse: "Não
me parecia criatura inquestionavelmente real; por mais que aferisse os
traços de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e
sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a
víamos. Por onde erraria a verdadeira Cecília, que, respondendo à
indagação de um curioso, admitiu ser seu principal defeito 'uma certa
ausência do mundo'? Do mundo como teatro, em que cada espectador se
sente impelido a tomar parte frenética no espetáculo, sim; mas não,
porém, do mundo das essências, em que a vida é mais intensa porque se
desenvolve em um estado puro, sem atritos, liberta das contradições da
existência".
Pois é isso
que a poesia faz: ela nos convida a andar pelos caminhos da nossa
própria verdade, os caminhos onde mora o essencial.
Se
as pessoas soubessem ler poesia é certo que os terapeutas teriam menos
trabalho e talvez suas terapias se transformassem em concertos de
poesia! (...)"
(Rubem Alves, no livro: Variações Sobre o Prazer)
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