19 de junho de 2011

As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.



Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.



Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.



Do sonho do eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

                                 
Carlos Drummond de Andrade



Um comentário:

  1. Olá, achei as algumas ilustrações lindas, são suas? Gostaria de colocar no meu face e colocar de quem é. Parabéns, ótimo gosto, tanto para poesia como para musica e imagens. Obrigada, abraço.

    ResponderExcluir

Seu comentário é sempre Bem Vindo! ♥