Pergunto-me,
às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me
pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na
distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na
indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta
coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo
trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a
dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio
termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em
tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma,
apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
-Sarah-
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