5 de fevereiro de 2014



A moça atrás da vidraça 
espia o moço passar. 
O moço nem viu a moça, 
ele é de outro lugar. 

O que a moça quer ouvir 
o moço sabe contar: 
ah, se ele a visse agora, 
bem que havia de parar. 

Atrás da vidraça, a moça 
deixa o peito suspirar. 
O moço passou depressa, 
ou a vida devagar? 

 

João Guimarães Rosa, in Ave, Palavra, 1970

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