25 de maio de 2012

 
Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo, 
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão, 

se havia gente dormindo 

sobre o próprio coração?


E não pude levantá-la!

Choro pelo que não fiz.

E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.

Perdoa-me, folha seca!


Meus olhos sem força estão

velando e rogando àqueles 

que não se levantarão...



Tu és a folha de outono 

voante pelo jardim.

Deixo-te a minha saudade

- a melhor parte de mim.


Certa de que tudo é vão.

Que tudo é menos que o vento,

menos que as folhas do chão...
 
Cecília Meireles

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